Classificação do Betta
Nome Popular
O Betta é amplamente conhecido como peixe Betta ou, em algumas regiões, peixe de briga siamês devido ao seu comportamento territorial. Outras variações populares incluem “peixe-lutador” e “peixe-dália”, destacando tanto sua agressividade quanto sua beleza exuberante. Em países asiáticos, é chamado de “ikan cupang” (Indonésia e Malásia), um termo que reflete seu status cultural e histórico na região.
Ordem e Família
O Betta pertence à ordem Anabantiformes e à família Osphronemidae, que inclui outras espécies de peixes de água doce conhecidas por possuírem o órgão labirinto – uma adaptação que permite a respiração atmosférica. Dentro do gênero Betta, existem diversas espécies, sendo o Betta splendens a mais famosa e domesticada para aquarismo.
Sinônimos
Historicamente, o Betta foi identificado por diferentes sinônimos científicos, como Betta trifasciata e Macropodus pugnax, que destacam características comportamentais ou morfológicas. Essas nomenclaturas foram ajustadas ao longo do tempo à medida que avanços na taxonomia esclareceram a classificação do gênero.
Etimologia
O nome “Betta” origina-se do termo local “Bettah”, utilizado na região do sudeste asiático para descrever peixes pequenos e coloridos. Sua nomenclatura completa, Betta splendens, significa “Betta esplêndido”, uma referência direta às cores vibrantes e caudas exuberantes que tornaram a espécie icônica entre aquaristas.
Curiosamente, o apelido “peixe de briga” vem de uma tradição cultural na Tailândia, onde as brigas de Bettas eram realizadas como competições – uma prática agora regulamentada em muitos países.
Bíótopo
O Betta splendens habita áreas de água doce de fluxo lento ou estagnado. Em seu bíótopo natural, encontra-se em:
- Arrozais
- Lagos rasos
- Riachos com vegetação densa
- Poças temporárias
Esses habitats apresentam baixa oxigenação, o que levou o Betta a desenvolver o órgão labirinto, permitindo que respire diretamente da superfície.
Distribuição Geográfica / Habitat
O Betta é originário do sudeste asiático, sendo encontrado em países como:
- Tailândia
- Vietnã
- Indonésia
- Malásia
Em seu habitat natural, eles preferem águas quentes, com temperaturas entre 24°C e 30°C, e locais ricos em vegetação aquática, que oferecem abrigo e locais para nidificação. Apesar de sua origem, o Betta foi introduzido em várias partes do mundo devido ao aquarismo e à sua capacidade de adaptação a diferentes condições.
Propriedades da Água
PH
O pH ideal para a criação do Betta varia entre 6.0 e 7.5, uma faixa levemente ácida a neutra. Valores fora dessa faixa podem causar estresse, tornando o peixe mais suscetível a doenças.
- pH abaixo de 6.0: Pode levar à acidose, afetando o sistema respiratório e causando letargia.
- pH acima de 7.5: Pode resultar em alcalose, comprometendo a saúde geral do peixe e dificultando sua reprodução.
Dureza
A dureza da água (medida em dGH) ideal para o Betta situa-se entre 3 e 10 dGH. Essa faixa reflete a presença moderada de minerais, como cálcio e magnésio, que são essenciais para a saúde óssea e celular do peixe.
- Dureza excessiva (>15 dGH): Pode prejudicar a função renal e levar a problemas de calcificação nas guelras.
- Dureza muito baixa (<3 dGH): Pode causar desequilíbrios osmóticos, aumentando o risco de infecções.
Temperatura
O Betta prospera em temperaturas entre 24°C e 30°C. Manter a água dentro desse intervalo é crucial para o metabolismo, imunidade e comportamento ativo do peixe.
- Temperaturas abaixo de 22°C: Podem causar letargia, redução da imunidade e dificuldades respiratórias.
- Temperaturas acima de 32°C: Aceleram o metabolismo, levando ao estresse e encurtando a expectativa de vida do peixe.
Para monitorar essas condições, o uso de termômetros e kits de teste de água é essencial para garantir um ambiente saudável e estável.
Características
Alimentação
Os Bettas são peixes carnívoros e necessitam de uma dieta rica em proteínas para manter sua saúde e coloração vibrante. Os alimentos ideais incluem:
- Ração específica para Bettas: Formuladas para atender às necessidades nutricionais da espécie.
- Alimentos vivos: Como artêmias, larvas de mosquito e microvermes, que estimulam o comportamento natural de caça.
- Alimentos congelados: Como dáfnias e bloodworms, que oferecem alta qualidade nutricional e praticidade.
A frequência recomendada é de duas a três alimentações diárias, em pequenas quantidades que possam ser consumidas em dois minutos. Evitar excessos é essencial para prevenir problemas como obesidade e poluição da água.
Tamanho Adulto
O tamanho médio de um Betta adulto varia entre 6 e 7 centímetros de comprimento, sendo os machos geralmente maiores e com nadadeiras mais longas e ornamentadas do que as fêmeas.
Expectativa de Vida
Em condições ideais de cuidado, os Bettas podem viver de 3 a 5 anos em cativeiro. Fatores que influenciam a longevidade incluem qualidade da água, alimentação balanceada e controle de estresse.
Nível de Dificuldade para Criar e Manter o Peixe Saudável
O Betta é considerado um peixe de nível moderado de dificuldade para manutenção. Embora seja resistente, cuidados inadequados com a qualidade da água, alimentação e espaço podem comprometer sua saúde.
Comportamento e Compatibilidade
Os Bettas são conhecidos por seu comportamento territorial, especialmente os machos, que não devem ser mantidos juntos. Eles podem conviver com espécies pacíficas e não muito coloridas, como:
- Corydoras
- Tetras pequenos
- Caramujos
Dimorfismo Sexual
Os machos apresentam cores mais vibrantes e nadadeiras mais longas em comparação às fêmeas, que possuem um corpo mais robusto e menos ornamentado.
Doenças Comuns
Entre as doenças mais comuns estão:
- Ictio: Manchas brancas causadas por parasitas.
- Podridão de nadadeiras: De origem bacteriana, causada por más condições de água.
- Hidropsia: Distensão abdominal geralmente associada a problemas internos graves.
Reprodução
O processo de reprodução do Betta envolve o macho construindo um ninho de bolhas na superfície da água. Após o acasalamento, ele recolhe os ovos e os deposita no ninho, cuidando deles até a eclosão. As fêmeas devem ser removidas após a postura para evitar conflitos.
Tamanho Mínimo do Aquário para Betta
Embora sejam frequentemente vistos em recipientes pequenos, como aquários de menos de 2 litros ou mesmo copos, esses ambientes estão longe de ser adequados. O volume mínimo recomendado para um Betta é de 20 litros. Este tamanho proporciona espaço suficiente para nadar, manter uma boa qualidade de água e replicar um ambiente mais próximo do natural.
Um aquário de 20 litros permite:
- Manutenção de parâmetros estáveis de água (temperatura, pH e dureza).
- Redução do estresse causado por espaços limitados.
- Espaço para o Betta exercitar-se, o que é essencial para sua saúde física.
Se o objetivo for adicionar plantas naturais e decorações, um aquário de 30 litros ou mais é ainda mais indicado. Esses elementos não apenas tornam o ambiente mais bonito, mas também ajudam a controlar os níveis de amônia e nitrato, contribuindo para a saúde geral do peixe.
Importância do Espaço Adequado para o Comportamento Natural
O Betta é um peixe territorial e curioso por natureza. Espaços maiores permitem que ele exiba comportamentos naturais, como explorar o ambiente, construir ninhos de bolhas e interagir com objetos no aquário. Em um ambiente muito pequeno, o Betta pode apresentar sinais de estresse, como apatia, nadadeiras retraídas ou comportamento agressivo exacerbado.
Além disso, o aquário espaçoso permite um nado mais amplo, essencial para o fortalecimento muscular. Isso também reduz o risco de doenças relacionadas ao sedentarismo, como obesidade e problemas de bexiga natatória.
Comportamento em Relação às Diferentes Camadas de Água
O peixe Betta, ou Betta splendens, é amplamente conhecido não apenas pela sua beleza, mas também por seu comportamento fascinante nas diferentes camadas de água do aquário. Nativo dos arrozais e lagoas da Tailândia e em outras partes do sudeste asiático, o Betta exibe uma preferência clara pela superfície da água. Isso não é apenas uma questão de escolha de habitat, mas um reflexo das adaptações incríveis que esses peixes desenvolveram para sobreviver em ambientes com baixos níveis de oxigênio, como são muitos dos lugares onde habitam.
No aquário, é comum observar os Bettas subindo frequentemente à superfície. Esse comportamento é resultado da presença de um órgão labirinto, que permite que eles respirem diretamente o oxigênio atmosférico. Essa adaptação é crucial, pois em águas com vegetação densa e pouca circulação, a concentração de oxigênio dissolvido tende a ser reduzida. Assim, a habilidade de captar oxigênio diretamente do ar se transforma em uma vantagem competitiva.
Além de sua preferência pela superfície, os Bettas também ocupam as camadas médias do aquário. Embora suas atividades sejam mais visíveis na parte superior, eles se movimentam por todo o espaço disponível, explorando o ambiente e interagindo com plantas e ornamentos. Essa exploração é fundamental para o bem-estar do peixe, proporcionando um estímulo mental e físico. Por isso, ao montar um aquário para Bettas, é recomendável criar um espaço tridimensional, com áreas de refúgio e diferentes níveis de profundidade na água.
No entanto, ao introduzir outros peixes no aquário, é vital tomar cuidado, uma vez que Bettas podem ser territorialistas, principalmente com os machos da mesma espécie e outras espécies com coloração vibrante, que podem ser percebidas como concorrência.
Preferência do Betta pela Superfície
O órgão labirinto é uma estrutura única presente nos Bettas que lhes confere uma adaptabilidade excepcional em ambientes aquáticos com baixa oxigenação. Esse órgão, localizado na parte superior da cavidade branquial, é responsável pela captação do oxigênio atmosférico. Quando os Bettas emergem na superfície, eles podem abrir a boca e absorver oxigênio, que é posteriormente transportado para o sangue através desse sistema.
Essa necessidade de subir à superfície não só condiciona o comportamento de forrageamento do Betta, mas também tem um impacto significativo na configuração do aquário. É importante garantir que a superfície da água esteja sempre acessível e que a qualidade da água seja mantida em níveis adequados para prevenir doenças e garantir a saúde do peixe. A instalação de plantas flutuantes ou a presença de objetos que quebram a superfície podem fornecer os refúgios desejados e, ao mesmo tempo, permitir que os Bettas se sintam seguros enquanto exploram.
Em resumo, a escolha do Betta por habitar a parte superior do aquário é um desdobramento tanto de suas necessidades biológicas quanto de seu comportamento natural. Esse fascinante traço, combinado à sua coloração vibrante e à sua personalidade, faz do Betta uma das espécies mais populares entre aquaristas.
Referências
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